#005# Primeiro emprego como médico

 

Expectativa

Realidade

                      Bem, meus amigos, chegou a hora de falar sobre meu primeiro emprego. 

                      A grande maioria das pessoas, quando entra na Faculdade de Medicina, almeja se tornar um médico famoso e atender pessoas ricas, em consultas particulares. 

                      Em geral, havia três opções imediatas para os recém-formados:

                      1. Prestar prova de residência médica e iniciar uma especialização;

                      2. Trabalhar no Programa Saúde da Família;

                      3. Fazer plantões em pronto-socorros. 

                        Em sempre pensei em optar pela segunda opção, pois acreditava que o tal programa não duraria por muito tempo, e teria que fazer um "pé de meia" para projetos futuros. 

                       Fui então convidado por um colega de faculdade, que havia se formado um ano antes, para trabalhar em uma cidade do interior de nosso estado, com cerca de 40 mil habitantes, distante cerca de 5 horas da capital, de carro. 

                       Alguns fatores me fizeram aceitar: 

                       1. Salário maior que outros municípios mais próximos à capital. 

                       2. Possibilidade de fazer plantões aos fins de semana no hospital local, aumentando assim meus honorários. 

 

                        3. Tratava-se de uma cidade serrana - adoro clima frio. 

                        4. Poderia morar na casa de meu colega, sem ônus (por iniciativa própria, pagava água e energia, mas ele nem queria aceitar - foi muito gente boa comigo). 

                        5. Poderia acompanhá-lo durante as cirurgias (apesar de ter apenas concluído a graduação, como eu, ele acompanhou um cirurgião por alguns anos, e se aventurava a fazer cirurgias no precário centro cirúrgico da cidade). 

                        Obviamente, o trabalho não tinha nenhum glamour - de segunda a quinta-feira, manhã e tarde, além de sexta-feira pela manhã, eu era responsável pelo atendimento de um centro de saúde, tratando de tudo - crianças, idosos, gestantes - e ainda fazia plantões no hospital local uma vez por semana, à noite, além de dois finais de semana por mês. 

 

                       O meu primeiro salário foi R$ 8500 - trazendo a valores atuais, corrigido pelo IGPM, isso significaria R$ 28. 950,02. 

              

"Estou rico", eu pensei.

                             Além do bom salário, éramos respeitados pela maioria da população e desejados pelas mulheres!!!

                              Mas nem tudo eram flores....

                              O ano de 2004 era de eleições municipais, e o prefeito daquela cidade não conseguiu eleger o sucessor..... os últimos dias de trabalho foram de penúria. Faltava, no hospital, material básico - por exemplo, tive que fazer alguns partos SEM LUVA DESCARTÁVEL, para vocês terem uma ideia. O diretor do hospital só se dignava a liberar material quando os pacientes eram seus aliados políticos ou eleitores. 

                              A coisa não poderia terminar bem, e para completar, fiquei sem receber os dois últimos meses de trabalho. O prefeito que saiu disse que havia empenhado o valor, mas o que assumiu disse que não pagaria. Tive que entrar na justiça, e só recebi uns seis anos depois, um valor bem inferior ao devido.

                           

Se for para não me pagar, por favor me dê pelo menos um aumento! 

     

                           Houve também um fato do qual me arrependo, e que relatarei a seguir. 

                           Meu colega havia namorado uma menina da cidade no ano anterior, mas terminaram quando ele engravidou outra mulher. Esta menina começou a dar mole pra mim. Comentei com ele, que "autorizou" que eu ficasse com ela (ainda me lembro as palavras dele - taca o pau!), e foi o que fiz mesmo. A menina era muito linda..... transei com ela umas cinco vezes, mas acho que isso interferiu na minha relação com ele.     

 Ela era mais ou menos assim...foto da internet

                            Não me restou outra alternativa a não ser arrumar as malas para outra cidade. 

                            Mas isso será assunto da próxima postagem.